quinta-feira, 9 de setembro de 2010

ARGENTINOS OCUPAM ESCOLAS EM PROTESTO CONTRA MÁ CONDIÇÃO DA REDE PÚBLICA

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

As salas têm goteiras, são frias demais, o teto está se desmanchando e, na hora do aperto, é preciso usar o "pipi-room" improvisado no pátio.
Essas são algumas das dificuldades relatadas por alunos da rede pública de Buenos Aires, que há três semanas resolveram ocupar 28 escolas e reivindicar melhorias.
Segundo eles, a prefeitura destina cada vez menos dinheiro para reformar as escolas públicas e financia cada vez mais as escolas privadas.
A estratégia dos alunos foi acampar nas salas de aula. Estenderam faixas com críticas ao prefeito, Mauricio Macri, e suspenderam as aulas.
"O governo faz da educação um negócio. Incentiva os colégios privados para obrigar os pais a desistirem da rede pública", diz Federico, 17.
Ele e outros 80 colegas ocuparam o colégio Juan Bautista Alberdi, em Belgrano, e montaram comitês de alimentação, limpeza, segurança e comunicação para organizar a convivência.
A comida e o material de divulgação foram financiados por doações de estudantes, pais e professores.
"Não estamos aqui à toa, tocando violão. Organizamos palestras e exibimos filmes", diz Sofia, 16.
Na semana passada, enquanto cinco colégios ainda estavam ocupados, a prefeitura anunciou um plano de reforma das escolas.
O prefeito disse que herdou uma situação "catastrófica" e que os alunos estão sendo influenciados por partidos da esquerda.
"Não é preciso ler [Karl] Marx ou [Leon] Tróstky para ver que alguém está ficando com o dinheiro e o teto [das escolas] está caindo na nossa cabeça", diz Ignacio, 18.
O QUE QUEREM OS ALUNOS ARGENTINOS:

maior orçamento para a rede pública de educação
menos subsídios para as escolas privadas
liberdade para organizar centros estudantis
reparos na rede elétrica e em goteiras das escolas
adaptação das escolas para alunos com deficiências físicas
calefação nas salas de aula
eliminação de banheiros químicos
maior segurança no entorno dos colégios
finalização de obras que interditam parcialmente as escolas


Alguma semelhança com as reivindicações aqui na Unesp?

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