domingo, 14 de novembro de 2010

Muro pra quê? Favela pra quem?

Há aproximadamente uma semana, no dia 4 de novembro, foi posto na Largo da Carioca um monumento patrocinado pela Rede Globo – líder de manipulação -, pela Prefeitura do Rio de Janeiro – líder em remoções e desalojos -  e pela Central Única de Favelas... As palavras “FAVELA” e “RIO”, unidas por um coração vermelho, emolduravam o monumento, que tinha como proposta servir de quadro livre para que a população expressasse seus sentimentos. E foi isso que aconteceu.

Nesta terça-feira, dia 9, cidadãos indignados mostraram seu ponto de vista em relação ao letreiro. Um grupo munido de tintas, pincéis e máscaras de stencil chegou às 14h no local disposto a dar sua opinião, e durante três horas seguidas atraíram a atenção dos pedrestes que viram sua atuação. Frases como “choque mata” e “muro pra quê?” foram pixadas e grafitadas  por moradores de comunidades e ocupações e militantes de movimentos sociais. Ao longo do monumento, a palavra “muro” foi reproduzida repetidas vezes para denunciar a hipocrisia do Estado na construção de muros cercando as favelas. A alegação das autoridades é de que a obra visa criar isolamento acústico para os moradores, mas, segundo os manifestantes, a muralha serviria como barreira visual para os turistas.

De acordo com um dos participantes da manifestação, que prefere não ser identificado, “As comunidades continuam a sofrer e o poder continua a vender a favela. Diversas áreas estão sob pena de remoção e muitas famílias estão sem seus lares. O choque de ordem eletriza a espectativa de vida do pobre e apreende o trabalho de muitas pessoas que, sem emprego, se viram como podem. A UPP retira a ditadura do tráfico e impõe a ditadura dos impostos e da especulação imobiliária. Um muro fecha o povo num gueto sem voz e um letreiro gigante é construído para anestesiar o povo.”

A manifestação foi registrada por fotógrafos e cinegrafistas independentes que também participaram ativamente da pixação. Segundo Léo Lima, do Favela em Foco, o objetivo foi alcançado. “Creio que causamos o que queríamos de verdade, as pessoas passavam e não entendiam nada, o porquê de estar ali em frente daquela coisa. Um montão de gente escrevendo “muro, muro, muro”, e aí vinham nos perguntar o porquê, e a grande maioria começou a nos apoiar por cada letra expressa.”

Vejam se conseguem ver as fotos nesse link:
http://br.groups.yahoo.com/group/corep-sp/attachments/folder/303649836/item/59962046/view

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