Coseas segue ocupada. Rodas ataca estudantes em artigo
Estudantes ocupam desde 18/3 dependências da Coordenadoria de Assistência Social da USP (Coseas), no bloco G do conjunto residencial (Crusp), em protesto por mais vagas de moradia estudantil, contra expulsões arbitrárias de moradores e pela autonomia dos estudantes nos espaços de moradia e nos processos seletivos dos programas de permanência. A Reitoria entrou com pedido de reintegração de posse no mesmo dia. Em 28/3, o reitor Grandino Rodas atacou os estudantes em artigo publicado na Folha de S. Paulo.
Uma estudante que prefere não se identificar informa que a pauta de reivindicações do movimento foi protocolada na Reitoria em 24/3. Ainda segundo ela, até 30/3 não houve resposta. Os alunos também encaminharam carta à Coseas apresentando disposição de devolver quaisquer documentos e objetos pessoais de funcionários que estejam dentro do prédio.
No artigo “USP, quousque tandem?”, Rodas acusa o movimento de ocupação de agir violentamente e por razões ideológicas. “O diálogo para ele é uma coisa abstrata, é palavra vazia. Isso fica claro quando ele termina o texto sugerindo o uso de força policial”, rebate a estudante.
Os professores João Zanetic e Marcelo Pompêo, representando a Adusp, reuniram-se com Rodas em 30/3. Zanetic, que solicitou a reunião, manifestou ao reitor suas críticas ao conteúdo do artigo, o qual, na sua opinião, joga a população contra a universidade. A Adusp criticou a falta de diálogo da Reitoria com os moradores do Crusp, contestou a alegada violência da ocupação e o modo como são apresentados, no artigo, os dados de gastos com permanência estudantil, sem a necessária contextualização.
Blog que teve início em 2008, sendo criado pela chapa "Pedra no Sapato" do Diretório Acadêmico César Lattes da Faculdade de Ciências - Unesp Bauru. O objetivo desse blog foi de servir a comunização com os alunos durante a duração da Chapa. A partir de agora, ainda continuará a existir mas não está mais vinculado à chapa do Dacel, que atualmente é a "Erva Daninha". Ainda sim, será mantido com o intuito de divulgar o que está acontecendo no Movimento Estudantil do campus da Unesp Bauru.
sábado, 17 de abril de 2010
sexta-feira, 9 de abril de 2010
CAs e DAs se reorganizando!
Olá, Unespianos Bauruenses!
Há cerca de 1 mês os Centros e Diretórios Acadêmicos têm se reunido no pátio dos DAs para discutir as demandas do movimento estudantil do nosso campus.
Tem sido reuniões bastante produtivas, com participação expressiva dos estudantes. Uma das ações que temos empreendido é a ajuda aos Centros Acadêmicos que estão querendo se reestruturar.
Alunos de Psicoligia, Química, Pedagogia, Comunicação, Biologia, BCC, DI, Arquitetura e Artes têm participado das reuniões. Sem falar nos DAs em funcionamento, DACEL(FC) e DAFAE(FEB).
Viemos então chamar os demais estudantes que se interessem em participar de entidades, que estão se reerguendo, a aparecerem na próxima reunião, dia 12 de abril às 18hs, no pátio dos DAs, ao lado do Centro de Idiomas.
Estamos discutindo, entre outras coisas, a criação de um Jornal para informar os alunos sobre os rumos do movimento estudantil. Venha contribuir com ideias!
Outros temas também têm sido debatidos.
Só com a participação massiva dos estudantes é que consiguiremos as conquistas de nossos direitos dentro da Universidade.
Até a próxima reunião!
Há cerca de 1 mês os Centros e Diretórios Acadêmicos têm se reunido no pátio dos DAs para discutir as demandas do movimento estudantil do nosso campus.
Tem sido reuniões bastante produtivas, com participação expressiva dos estudantes. Uma das ações que temos empreendido é a ajuda aos Centros Acadêmicos que estão querendo se reestruturar.
Alunos de Psicoligia, Química, Pedagogia, Comunicação, Biologia, BCC, DI, Arquitetura e Artes têm participado das reuniões. Sem falar nos DAs em funcionamento, DACEL(FC) e DAFAE(FEB).
Viemos então chamar os demais estudantes que se interessem em participar de entidades, que estão se reerguendo, a aparecerem na próxima reunião, dia 12 de abril às 18hs, no pátio dos DAs, ao lado do Centro de Idiomas.
Estamos discutindo, entre outras coisas, a criação de um Jornal para informar os alunos sobre os rumos do movimento estudantil. Venha contribuir com ideias!
Outros temas também têm sido debatidos.
Só com a participação massiva dos estudantes é que consiguiremos as conquistas de nossos direitos dentro da Universidade.
Até a próxima reunião!
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Carta aberta elaborada pelos estudantes explicitando as reivindicações que os levaram a ocupar a COSEAS.
CARTA ABERTA
“Perfil para dizer basta”
Para um estudante de baixa renda, a falta de um lugar para morar e de condições para se alimentar podem significar a desistência de cursar o ensino superior. Os que, apesar disso, ainda não desistiram, vêm passando por muitas dificuldades para cursar a graduação na USP, por conta da restrição cada vez maior nas políticas de permanência. Os moradores do CRUSP tentaram incessantemente solucionar estes problemas por meio do diálogo com a direção da Coordenadoria de Assistência Social da USP (COSEAS), que não demonstrou nenhuma disposição para resolvêlos. Ao contrário: sua direção tentou intimidar os moradores presentes nas reuniões de negociação, não cedeu sequer vagas emergenciais suficientes para os calouros de 2010, deixando 100 pessoas de fora, e negligenciou todas as outras reivindicações. Como se não bastasse, a diretora Rosa Godoy apresentou, diante de uma câmera, relatórios produzidos por um serviço interno de espionagem que viola a nossa privacidade. Esses relatórios são anexados aos documentos de avaliação “socioeconômica” de moradores do CRUSP, submetendo a concessão e a continuidade das bolsas a critérios obscuros, justificados por apontamentos de “agentes de segurança”, pois o intuito não é realmente verificar a condição sócioeconômica dos estudantes e sim administrar os recursos insuficientes que a universidade destina à assistência estudantil, excluindo o maior número de pessoas possível.
A vigilância de nossas vidas privadas é um fato escandaloso e inadmissível. O aparato de vigilância de Rosa Godoy tem outros objetivos que não a nossa segurança como, por exemplo, reunir dados para a tese sobre “saúde coletiva” da Marília Zalaf. Será um acaso que por vezes se condicione a permanência de um estudante na vaga da moradia à submissão do mesmo a um tratamento psiquiátrico? (Disso há provas documentais). No conto “O Alienista” de Machado de Assis, o “médico da alma” Simão Bacamarte vai internando um a um todos os habitantes da cidade de Itaguaí no hospício. Quando finalmente estão todos internados ele conclui, à luz da ciência, que não é possível que sejam todos loucos. O louco devia ser ele mesmo, que decide internarse a si próprio. Marília Zalaf é nossa Simão Bacamarte. Outra função da vigilância é registrar tudo o que fazemos para o caso de poderem usar isso contra nós. Se acolhemos um estudante excluído pelo processo míope de seleção, sem “perfil” para morar e comer, fica registrado que nós abrigamos “hóspedes irregulares”. Além de eufemismo para a exclusão, esse selo burocrático pode designar qualquer visita (mesmo esporádica!) que recebamos. Até mesmo filhos de moradores são “hóspede irregulares” nas fichas das portarias, como o bebê de dois meses que recebeu uma ordem de despejo. Também há relatórios dos vigias à COSEAS a respeito de pequenas confraternizações, mesmo “sem reclamações”. E até quando discutimos coletivamente nossos problemas, isso configura para a instituição um desvio de conduta. Relatórios do serviço de mexericos e espionagem da COSEAS descrevem detalhadamente nossas assembléias, com assuntos discutidos e identificação por nome, apartamento e até apelido das pessoas presentes. Se uma assembléia é assunto da segurança então a discussão política deve ser crime no entendimento da direção desta Coordenadoria. Política só é crime em regimes de exceção. Mesmo o regimento interno do CRUSP, que não teve participação de moradores em sua elaboração, prevê nosso direito a discutir nossos problemas. Não estamos em “1984” e o Big Brother é na Globo, não no CRUSP. Não aceitamos a bisbilhotice de Rosa Godoy.
A quantidade exata de vagas insuficientes é de difícil avaliação. Em primeiro lugar, não sabemos ao certo quantos desistem do curso por terem sua vaga recusada. Em segundo lugar, esse número ainda não responderia a questão satisfatoriamente. É sabido que nem todos os que precisam de moradia sabem da existência das políticas de permanência, pois esta coordenadoria se esforça muito pouco para divulgá-las. Além disso, os dados de solicitação negada de bolsas geralmente são ocultos, e a Comissão Jurídica da USP delibera a não divulgação das listas de classificados e não-classificados a partir do ano de 2006, o que deixa o processo seletivo ainda menos transparente. A demanda real é maior do que aquela que a COSEAS é capaz de registrar. E isso não é por acaso: é resultado de um amplo conjunto de estratagemas de sua direção para esquivar-se do verdadeiro problema: falta de vagas. Pura e simplesmente falta de vagas, por conta de uma política histórica da reitoria da USP de restrição, demolição de blocos da moradia e transformação de outros em organismos burocráticos da universidade. Assim, podemos afirmar que, todo ano, pelo menos 500 pessoas têm a bolsa moradia negada. No ano de 2008, especificamente, sabemos que 800 pessoas ficaram nesta condição. E a cada ano a demanda cresce.
Neste ano, a diretora da Divisão de Promoção Social Marisa Luppi pretendia marcar o fim das inscrições para o alojamento emergencial para o dia 22 de fevereiro (primeiro dia de aulas). Desse modo, a maioria dos calouros perderia a data. Só os que, num lance de sorte, soubessem a tempo poderiam se inscrever. A papelada do processo seletivo daria a ilusão de que sobraram vagas. É com esse tipo de ilusionismo que a Sra. Rosa Godoy tenta enganar a todos. É esse tipo de truque que se tenta travestir de ciência, citando números que não correspondem a nada, meros argumentos de autoridade. Eis aí um flagrante de um dos critérios que se adota: a sorte. Por aí podemos medir a competência desta coordenadoria para gerir o processo de seleção do CRUSP. Se o critério é a sorte não são necessárias as enormes despesas com os salários da direção da COSEAS, basta que a universidade adquira uma roleta ou que os estudantes tirem as vagas no palitinho. Outro dado interessante: na seleção do alojamento emergencial deste ano, descobrimos a seguinte pérola: um aluno com bolsa negada tinha a mesma pontuação que um outro aluno, que ganhou a bolsa. O que tirou a bolsa de um deles foi estudar no período matutino: claro, se você acorda cedo então tem “perfil” pra passar a tarde inteira voltando pra casa. Já no processo seletivo para uma vaga permanente existem três critérios pontuando o quesito distância: gasto com transporte, tempo gasto pra chegar e a propria distância. Enquanto critérios que são cruciais, como renda, são descaracterizados numa tabela de cálculo totalmente furada. Exemplo: quanto mais pessoas desempregadas há na família menos pontos ganha o estudante. Como se as camadas mais pobres da sociedade não sofressem com o desemprego. É óbvia a mensagem velada de Rosa Godoy nesse caso: um desempregado, potencial gerador de renda, deveria estar trabalhando!
Mas o absurdo pode ser ainda mais grotesco: em reunião com a AMORCRUSP (16/10/2009), Rosa Godoy disse não haver expulsões noturnas e nem diurnas de moradores pois, segundo nosso regimento, estas expulsões só poderiam existir depois dos processos passarem por uma comissão mista, que não se reúne há mais de um ano. Depois, em outra reunião(18/11/2009), para evitar a assinatura de uma declaração, disse que não era bem assim, que verificou e descobriu que houve alguns casos. Nós que convivemos nesta moradia sabemos das atrocidades que acontecem nas madrugadas, escondidas na periferia da Cidade Universitária. Registremos um exemplo estarrecedor: há quatro anos um morador foi surpreendido de madrugada com a entrada brusca de agentes de seguraça da COSEAS em seu apartamento, que vieram expulsar seu hóspede, sem portarem nenhum mandado legal para isso. Por tentar chamar a atenção de outros moradores para o fato acionando um alarme de incêndio, nosso colega foi detido e depois preso por alguns dias, episódio que lhe acarretou todos os transtornos imagináveis.
É clara a implementação de uma política de controle e repressão sobre os estudantes que necessitam de políticas de permanência, e também e evidente a exploração dos funcionários desta instituição. Aos estudantes pobres: criminalização e exclusão; Aos trabalhadores: superexploração. Diante de todos os fatos expostos, percebese que a classe trabalhadora só é desejada na USP para servir calada. Sob condições precárias e salários aviltantes, os funcionários dos restaurantes universitários há anos vêm reivindicando melhores condições. Muitos adquirem lesões físicas (como tendinite, bursite) por conta do trabalho pesado e do número reduzido de funcionários (até o ano passado a defasagem era de 52 funcionarios). E a reitoria da USP, junto com a direção da COSEAS, só tem respondido com terceirizações, que precarizam ainda mais o trabalho e os afasta de responsabilidades trabalhistas.
O corte das 600 antigas “bolsas-trabalho” (que já não eram satisfatórias, pois exigiam que os alunos cumprissem tarefas que na verdade caberiam a novos funcionários), um programa que garantia a possibilidade de renda para alguns estudantes, também causou muitos transtornos nas nossas vidas. A reitoria da USP afirma que tais bolsas foram substituídas. Mentira! O que temos hoje são algumas bolsas de “pesquisa”, vinculadas a critérios meritocráticos e também obscuros, uma vez que dependem da opinião pessoal de um professor. E que custam menos pra reitoria pois as antigas bolsas eram vinculadas ao salário mínimo (hoje R$510,00) enquanto as estáticas bolsas “ensinar com pesquisa” e “aprender com cultura e extensão” são de R$300,00. A burocracia universitária realmente nos acha incompetentes e o belo discurso retórico de Rosa Godoy acha que nos convence, mas também sabemos fazer simples continhas de multiplicação pra saber que 600 bolsas de um salário mínimo custariam a universidade hoje R$336.000,00 emquanto as 900 atuais custam R$270.000,00, uma redução de quase 20% em nossos direitos. Queremos melhores condições para estudar, que é o que um estudante tem que fazer e por isso exigimos a criação de bolsas de estudo (não vinculadas a nenhuma atividade em substituição às antigas bolsas cortadas), com critérios puramente sócioeconômicos.
Por vigiar nossas vidas privadas, por camuflar e ignorar o problema das vagas insuficientes e limitar-se a administrar essa precariedade, por usar critérios de seleção absolutamente descabidos, pela desumanidade das expulsões arbitrárias, pelo descaso com os funcionários e por seus argumentos ilógicos, que desdenham o debate por se amparar na autoridade, não acreditamos na competência da direção da COSEAS para gerir o CRUSP. O diálogo nos foi negado.
E por tudo isso, exigimos:
1. Mais vagas na moradia.
* Que seja atendida de imediato a demanda por alojamento emergencial.
* Que os espaços da moradia sejam usados para moradia e não por sucursais da COSEAS (terreo do B, terreo do E e este espaço do G) que já tem sede própria.
* Desocupação dos nossos blocos K e L que foram invadidos pela reitoria.
* Conclusão das obras do novo bloco da moradia.
* Criação de um programa de ampliação das vagas anualmente.
2. Desmantelamento completo do serviço ilegal de vigilância e fim das práticas violentas da COSEAS.
* Realocação profissional dos agentes de segurança da COSEAS.
* Fim da função de elaboração de relatórios por parte dos agentes da portaria do CRUSP.
* Fim da interferência das assistentes sociais na vida pessoal e política dos cruspianos.
3. Fim das expulsões arbitrárias de estudantes da moradia.
* Que comissões de moradores analisem os casos de término de curso.
* Que a deliberação a respeito da saída de moradores seja de competência da Assembleia Geral de Moradores do CRUSP.
4. Afastamento das coordenadoras da COSEAS de seus cargos: Marília Zalaf, Marisa Luppi e Rosa Godoy, responsáveis pelo “Programa de ação comunitária e Segurança.”
5. Autonomia dos estudantes nos espaços cruspianos e sobre os processos seletivos para os programas de permanência.
* Que a COSEAS retome sua função de zeladoria.
6. Contratação de mais funcionários para os restaurantes universitários e melhoria das condições desumanas de trabalho, de acordo com as reivindicações do SINTUSP.
7. Substituição de fato das “bolsas-trabalho” por uma bolsa de estudos com critérios exclusivamente sócio-econômicos.
8. Que não sejamos obrigados a uma jornada dupla (trabalho e estudo) para suprir nossas necessidades básicas.
São Paulo, 22 de março de 2010
A Ocupação
http://coseas-ocupada.wikidot.com/
“Perfil para dizer basta”
Para um estudante de baixa renda, a falta de um lugar para morar e de condições para se alimentar podem significar a desistência de cursar o ensino superior. Os que, apesar disso, ainda não desistiram, vêm passando por muitas dificuldades para cursar a graduação na USP, por conta da restrição cada vez maior nas políticas de permanência. Os moradores do CRUSP tentaram incessantemente solucionar estes problemas por meio do diálogo com a direção da Coordenadoria de Assistência Social da USP (COSEAS), que não demonstrou nenhuma disposição para resolvêlos. Ao contrário: sua direção tentou intimidar os moradores presentes nas reuniões de negociação, não cedeu sequer vagas emergenciais suficientes para os calouros de 2010, deixando 100 pessoas de fora, e negligenciou todas as outras reivindicações. Como se não bastasse, a diretora Rosa Godoy apresentou, diante de uma câmera, relatórios produzidos por um serviço interno de espionagem que viola a nossa privacidade. Esses relatórios são anexados aos documentos de avaliação “socioeconômica” de moradores do CRUSP, submetendo a concessão e a continuidade das bolsas a critérios obscuros, justificados por apontamentos de “agentes de segurança”, pois o intuito não é realmente verificar a condição sócioeconômica dos estudantes e sim administrar os recursos insuficientes que a universidade destina à assistência estudantil, excluindo o maior número de pessoas possível.
A vigilância de nossas vidas privadas é um fato escandaloso e inadmissível. O aparato de vigilância de Rosa Godoy tem outros objetivos que não a nossa segurança como, por exemplo, reunir dados para a tese sobre “saúde coletiva” da Marília Zalaf. Será um acaso que por vezes se condicione a permanência de um estudante na vaga da moradia à submissão do mesmo a um tratamento psiquiátrico? (Disso há provas documentais). No conto “O Alienista” de Machado de Assis, o “médico da alma” Simão Bacamarte vai internando um a um todos os habitantes da cidade de Itaguaí no hospício. Quando finalmente estão todos internados ele conclui, à luz da ciência, que não é possível que sejam todos loucos. O louco devia ser ele mesmo, que decide internarse a si próprio. Marília Zalaf é nossa Simão Bacamarte. Outra função da vigilância é registrar tudo o que fazemos para o caso de poderem usar isso contra nós. Se acolhemos um estudante excluído pelo processo míope de seleção, sem “perfil” para morar e comer, fica registrado que nós abrigamos “hóspedes irregulares”. Além de eufemismo para a exclusão, esse selo burocrático pode designar qualquer visita (mesmo esporádica!) que recebamos. Até mesmo filhos de moradores são “hóspede irregulares” nas fichas das portarias, como o bebê de dois meses que recebeu uma ordem de despejo. Também há relatórios dos vigias à COSEAS a respeito de pequenas confraternizações, mesmo “sem reclamações”. E até quando discutimos coletivamente nossos problemas, isso configura para a instituição um desvio de conduta. Relatórios do serviço de mexericos e espionagem da COSEAS descrevem detalhadamente nossas assembléias, com assuntos discutidos e identificação por nome, apartamento e até apelido das pessoas presentes. Se uma assembléia é assunto da segurança então a discussão política deve ser crime no entendimento da direção desta Coordenadoria. Política só é crime em regimes de exceção. Mesmo o regimento interno do CRUSP, que não teve participação de moradores em sua elaboração, prevê nosso direito a discutir nossos problemas. Não estamos em “1984” e o Big Brother é na Globo, não no CRUSP. Não aceitamos a bisbilhotice de Rosa Godoy.
A quantidade exata de vagas insuficientes é de difícil avaliação. Em primeiro lugar, não sabemos ao certo quantos desistem do curso por terem sua vaga recusada. Em segundo lugar, esse número ainda não responderia a questão satisfatoriamente. É sabido que nem todos os que precisam de moradia sabem da existência das políticas de permanência, pois esta coordenadoria se esforça muito pouco para divulgá-las. Além disso, os dados de solicitação negada de bolsas geralmente são ocultos, e a Comissão Jurídica da USP delibera a não divulgação das listas de classificados e não-classificados a partir do ano de 2006, o que deixa o processo seletivo ainda menos transparente. A demanda real é maior do que aquela que a COSEAS é capaz de registrar. E isso não é por acaso: é resultado de um amplo conjunto de estratagemas de sua direção para esquivar-se do verdadeiro problema: falta de vagas. Pura e simplesmente falta de vagas, por conta de uma política histórica da reitoria da USP de restrição, demolição de blocos da moradia e transformação de outros em organismos burocráticos da universidade. Assim, podemos afirmar que, todo ano, pelo menos 500 pessoas têm a bolsa moradia negada. No ano de 2008, especificamente, sabemos que 800 pessoas ficaram nesta condição. E a cada ano a demanda cresce.
Neste ano, a diretora da Divisão de Promoção Social Marisa Luppi pretendia marcar o fim das inscrições para o alojamento emergencial para o dia 22 de fevereiro (primeiro dia de aulas). Desse modo, a maioria dos calouros perderia a data. Só os que, num lance de sorte, soubessem a tempo poderiam se inscrever. A papelada do processo seletivo daria a ilusão de que sobraram vagas. É com esse tipo de ilusionismo que a Sra. Rosa Godoy tenta enganar a todos. É esse tipo de truque que se tenta travestir de ciência, citando números que não correspondem a nada, meros argumentos de autoridade. Eis aí um flagrante de um dos critérios que se adota: a sorte. Por aí podemos medir a competência desta coordenadoria para gerir o processo de seleção do CRUSP. Se o critério é a sorte não são necessárias as enormes despesas com os salários da direção da COSEAS, basta que a universidade adquira uma roleta ou que os estudantes tirem as vagas no palitinho. Outro dado interessante: na seleção do alojamento emergencial deste ano, descobrimos a seguinte pérola: um aluno com bolsa negada tinha a mesma pontuação que um outro aluno, que ganhou a bolsa. O que tirou a bolsa de um deles foi estudar no período matutino: claro, se você acorda cedo então tem “perfil” pra passar a tarde inteira voltando pra casa. Já no processo seletivo para uma vaga permanente existem três critérios pontuando o quesito distância: gasto com transporte, tempo gasto pra chegar e a propria distância. Enquanto critérios que são cruciais, como renda, são descaracterizados numa tabela de cálculo totalmente furada. Exemplo: quanto mais pessoas desempregadas há na família menos pontos ganha o estudante. Como se as camadas mais pobres da sociedade não sofressem com o desemprego. É óbvia a mensagem velada de Rosa Godoy nesse caso: um desempregado, potencial gerador de renda, deveria estar trabalhando!
Mas o absurdo pode ser ainda mais grotesco: em reunião com a AMORCRUSP (16/10/2009), Rosa Godoy disse não haver expulsões noturnas e nem diurnas de moradores pois, segundo nosso regimento, estas expulsões só poderiam existir depois dos processos passarem por uma comissão mista, que não se reúne há mais de um ano. Depois, em outra reunião(18/11/2009), para evitar a assinatura de uma declaração, disse que não era bem assim, que verificou e descobriu que houve alguns casos. Nós que convivemos nesta moradia sabemos das atrocidades que acontecem nas madrugadas, escondidas na periferia da Cidade Universitária. Registremos um exemplo estarrecedor: há quatro anos um morador foi surpreendido de madrugada com a entrada brusca de agentes de seguraça da COSEAS em seu apartamento, que vieram expulsar seu hóspede, sem portarem nenhum mandado legal para isso. Por tentar chamar a atenção de outros moradores para o fato acionando um alarme de incêndio, nosso colega foi detido e depois preso por alguns dias, episódio que lhe acarretou todos os transtornos imagináveis.
É clara a implementação de uma política de controle e repressão sobre os estudantes que necessitam de políticas de permanência, e também e evidente a exploração dos funcionários desta instituição. Aos estudantes pobres: criminalização e exclusão; Aos trabalhadores: superexploração. Diante de todos os fatos expostos, percebese que a classe trabalhadora só é desejada na USP para servir calada. Sob condições precárias e salários aviltantes, os funcionários dos restaurantes universitários há anos vêm reivindicando melhores condições. Muitos adquirem lesões físicas (como tendinite, bursite) por conta do trabalho pesado e do número reduzido de funcionários (até o ano passado a defasagem era de 52 funcionarios). E a reitoria da USP, junto com a direção da COSEAS, só tem respondido com terceirizações, que precarizam ainda mais o trabalho e os afasta de responsabilidades trabalhistas.
O corte das 600 antigas “bolsas-trabalho” (que já não eram satisfatórias, pois exigiam que os alunos cumprissem tarefas que na verdade caberiam a novos funcionários), um programa que garantia a possibilidade de renda para alguns estudantes, também causou muitos transtornos nas nossas vidas. A reitoria da USP afirma que tais bolsas foram substituídas. Mentira! O que temos hoje são algumas bolsas de “pesquisa”, vinculadas a critérios meritocráticos e também obscuros, uma vez que dependem da opinião pessoal de um professor. E que custam menos pra reitoria pois as antigas bolsas eram vinculadas ao salário mínimo (hoje R$510,00) enquanto as estáticas bolsas “ensinar com pesquisa” e “aprender com cultura e extensão” são de R$300,00. A burocracia universitária realmente nos acha incompetentes e o belo discurso retórico de Rosa Godoy acha que nos convence, mas também sabemos fazer simples continhas de multiplicação pra saber que 600 bolsas de um salário mínimo custariam a universidade hoje R$336.000,00 emquanto as 900 atuais custam R$270.000,00, uma redução de quase 20% em nossos direitos. Queremos melhores condições para estudar, que é o que um estudante tem que fazer e por isso exigimos a criação de bolsas de estudo (não vinculadas a nenhuma atividade em substituição às antigas bolsas cortadas), com critérios puramente sócioeconômicos.
Por vigiar nossas vidas privadas, por camuflar e ignorar o problema das vagas insuficientes e limitar-se a administrar essa precariedade, por usar critérios de seleção absolutamente descabidos, pela desumanidade das expulsões arbitrárias, pelo descaso com os funcionários e por seus argumentos ilógicos, que desdenham o debate por se amparar na autoridade, não acreditamos na competência da direção da COSEAS para gerir o CRUSP. O diálogo nos foi negado.
E por tudo isso, exigimos:
1. Mais vagas na moradia.
* Que seja atendida de imediato a demanda por alojamento emergencial.
* Que os espaços da moradia sejam usados para moradia e não por sucursais da COSEAS (terreo do B, terreo do E e este espaço do G) que já tem sede própria.
* Desocupação dos nossos blocos K e L que foram invadidos pela reitoria.
* Conclusão das obras do novo bloco da moradia.
* Criação de um programa de ampliação das vagas anualmente.
2. Desmantelamento completo do serviço ilegal de vigilância e fim das práticas violentas da COSEAS.
* Realocação profissional dos agentes de segurança da COSEAS.
* Fim da função de elaboração de relatórios por parte dos agentes da portaria do CRUSP.
* Fim da interferência das assistentes sociais na vida pessoal e política dos cruspianos.
3. Fim das expulsões arbitrárias de estudantes da moradia.
* Que comissões de moradores analisem os casos de término de curso.
* Que a deliberação a respeito da saída de moradores seja de competência da Assembleia Geral de Moradores do CRUSP.
4. Afastamento das coordenadoras da COSEAS de seus cargos: Marília Zalaf, Marisa Luppi e Rosa Godoy, responsáveis pelo “Programa de ação comunitária e Segurança.”
5. Autonomia dos estudantes nos espaços cruspianos e sobre os processos seletivos para os programas de permanência.
* Que a COSEAS retome sua função de zeladoria.
6. Contratação de mais funcionários para os restaurantes universitários e melhoria das condições desumanas de trabalho, de acordo com as reivindicações do SINTUSP.
7. Substituição de fato das “bolsas-trabalho” por uma bolsa de estudos com critérios exclusivamente sócio-econômicos.
8. Que não sejamos obrigados a uma jornada dupla (trabalho e estudo) para suprir nossas necessidades básicas.
São Paulo, 22 de março de 2010
A Ocupação
http://coseas-ocupada.wikidot.com/
terça-feira, 30 de março de 2010
Funcionários da USP, Unicamp e Unesp farão paralisação nesta terça-feira
Funcionários da USP, Unicamp e Unesp farão paralisação nesta terça-feira
Funcionários da USP (Universidade de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) planejam fazer nesta terça-feira (30) paralisação pela isonomia salarial entre professores e funcionários. Os trabalhadores devem fazer atos em cada uma das universidades e prometem iniciar greve, caso não haja negociação.
Em nota, o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) afirma que a quebra de isonomia ocorreu quando o Cruesp (Conselho de reitores das Universidades Estaduais de São Paulo) concedeu reajuste retroativo a fevereiro de 6% somente aos professores das universidades.
"Relembramos que, nos últimos anos, o Cruesp se negou seguidamente a atender nossas reivindicações sempre remetendo à necessidade de preservar a isonomia salarial nas universidades" , diz o sindicato.
Em 16 de março, o Sintusp havia se reunido com o novo reitor da USP, João Grandino Rodas, para discutir a quebra de isonomia. De acordo com nota do sindicato, o reitor havia afirmado que iria procurar os reitores da demais universidades para encaminhar a reivindicação. Além da isonomia, os funcionários também reivindicam a resolução de outras questões, como a demissão de Claudionor Brandão, ex-diretor do Sintusp.
Conflito
Para Magno de Carvalho, diretor de base do sindicato, esse será um ano "complicado" na USP: "Esse reitor diz que não quer conflito, mas ele já arrumou um dando esse aumento só para professores" .
A justificativa do reitor para o aumento somente para os professores, segundo Carvalho, foi a de que a universidade haveria feito uma equiparação de salários com os docentes das universidades federais. "Essa alegação é absurda. Se é para unificar [o valor dos salários], tem que unificar para todos, porque o aumento, nas federais, valeu para todo mundo", explica.
O sindicato pretende unir forças com os alunos, que reivindicam melhoria das condições de permanência estudantil: "Vamos juntar nossas forças com os estudantes e estamos prevendo que a coisa vai ser feia. Esperamos que não aconteça o que aconteceu em 2009", diz.
Funcionários da USP (Universidade de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) planejam fazer nesta terça-feira (30) paralisação pela isonomia salarial entre professores e funcionários. Os trabalhadores devem fazer atos em cada uma das universidades e prometem iniciar greve, caso não haja negociação.
Em nota, o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) afirma que a quebra de isonomia ocorreu quando o Cruesp (Conselho de reitores das Universidades Estaduais de São Paulo) concedeu reajuste retroativo a fevereiro de 6% somente aos professores das universidades.
"Relembramos que, nos últimos anos, o Cruesp se negou seguidamente a atender nossas reivindicações sempre remetendo à necessidade de preservar a isonomia salarial nas universidades" , diz o sindicato.
Em 16 de março, o Sintusp havia se reunido com o novo reitor da USP, João Grandino Rodas, para discutir a quebra de isonomia. De acordo com nota do sindicato, o reitor havia afirmado que iria procurar os reitores da demais universidades para encaminhar a reivindicação. Além da isonomia, os funcionários também reivindicam a resolução de outras questões, como a demissão de Claudionor Brandão, ex-diretor do Sintusp.
Conflito
Para Magno de Carvalho, diretor de base do sindicato, esse será um ano "complicado" na USP: "Esse reitor diz que não quer conflito, mas ele já arrumou um dando esse aumento só para professores" .
A justificativa do reitor para o aumento somente para os professores, segundo Carvalho, foi a de que a universidade haveria feito uma equiparação de salários com os docentes das universidades federais. "Essa alegação é absurda. Se é para unificar [o valor dos salários], tem que unificar para todos, porque o aumento, nas federais, valeu para todo mundo", explica.
O sindicato pretende unir forças com os alunos, que reivindicam melhoria das condições de permanência estudantil: "Vamos juntar nossas forças com os estudantes e estamos prevendo que a coisa vai ser feia. Esperamos que não aconteça o que aconteceu em 2009", diz.
quinta-feira, 11 de março de 2010
Em Luta pela Saúde 100% Pública e Estatal
O Fórum Popular de Saúde do Estado de São Paulo convoca lutadores e lutadoras da saúde para unificar as lutas pela afirmação de um sistema único, público e estatal de saúde constituído, planejado, implementado e controlado de acordo com os interesses de usuários e trabalhadores. Contra a transformação da saúde em mercadoria pelo modelo privatizante de Organizações Sociais.
Para unificar as lutas é necessário o encontro:
11 de março de 2010 - 19 horas - Sintrajud Rua Antonio de Godoy, 88, 16º andar - Próximo ao metrô São Bento
Abaixo o manifesto e as entidades, organizações e movimentos que já assinaram. Faça parte e assine também - forumpopulardesaudesp@gmail.com - 73734783
Manifesto em luta para a Saúde
Se 2009 foi um ano de aprofundamentos na privatização da saúde em todo estado de São Paulo. 2010 será o ano da resistência de milhares de lutadores e lutadoras e da afirmação de um sistema único e público de saúde.
Defender a saúde é lutar pela vida. Profissionais e usuários do SUS sabem que a privatização, nas suas formas escancarada ou a miúde, não significou nenhuma melhora na oferta de serviço tampouco em condições de trabalho mais dignas. O capitalismo, na sua defesa do lucro e do consumo desenfreado, não deu respostas as necessidades e demandas da maioria da população. O desenvolvimento de tecnologias e remédios que poderiam salvar vidas deu lugar a produção de mercadorias que respondem a medos criados pela própria indústria do medicamento, fazendo sofrer a maioria da população mundial. É como se algumas vidas valessem mais que outras e umas outras não valessem nada. As mortes evitáveis na saúde é um genocídio que o capitalismo não pode evitar. Então a luta por uma saúde única e pública não é apenas uma forma de sobrevivência daqueles que dela dependem diretamente, mas também é uma forma de enfrentarmos o sistema que aproveita de tudo que é desumano.
Durante o fracasso de todos os governantes em dar respostas a destruição do planeta na recente Conferência do Clima em Copenhague, os representantes de todo o mundo falaram em responsabilidade histórica dos países ricos e emergentes diante do aquecimento global. Entretanto, esquecem-se de perguntar por onde andam as elites, essas sim responsáveis pela miséria, pelas epidemias, pelo desamparo frente as enchentes, pela anarquia do financiamento e pela desassistência na saúde.
Neste ano novo de problemas velhos, desejamos a todos coragem e rebeldia, para colocar diante da nação os interesses de trabalhadores e usuários doSistema Único de Saúde. Interesses estes que não são os mesmos das elites que se apóiam no SUS para a produção de vantagens e lucros para os grandes conglomerados hospitalares que agora se denominam Organizações Sociais OS do governo Serra, assim como as Fundações Estatais de Direito Privado do governo Federal.
Resistir também significa construir um levante. Nesse sentido, o Fórum Popular de Saúde do Estado de São Paulo chama unidade das lutas do estado, com calendário e pauta conjunta, dialogando com a pluralidade de movimentos e formas de organização típicas da saúde, mas unindo forças para junto com a população denunciar as consequências de anos desta política de entrega do público e de submissão. Propomos de imediato o encontro de todos os interessados nessa luta e a organização cotidiana em comitês ou outras formas organizativas que possibilite uma participação ampla de todos aqueles que constatam a precarização do trabalho e suas patólogicas consequências.
Por isso defendemos!
- Contra a privatização da saúde: não às Oss e Fundações Estatais de Direito Privado! Defendemos que se dobre as verbas da saúde, financiamento esse capaz de reverter o modelo de privatização em um SUS 100% público e estatal
- Reunião para organizar esta luta conjunta no dia 11 de março
Entidades que assinam este manifesto:
Conlutas
Intersindical
Pastoral Operária
MTST
Uniafro
DCE - USP
UMPS - União dos Movimentos Populares de Saúde
Associação dos trabalhadores do Hospital Brigadeiro
Movimento de Saúde de Osasco
Sinsprev
PSTU
PSOL
Mandato do deputado estadual Raul Marcelo
Mandato do deputado federal Ivan Valente
Mandato do deputado estadual Gianazzi
Assine também este manifesto!
Fórum Popular de Saúde do Estado de São Paulo
forumpopulardesaudesp@gmail.com
Para unificar as lutas é necessário o encontro:
11 de março de 2010 - 19 horas - Sintrajud Rua Antonio de Godoy, 88, 16º andar - Próximo ao metrô São Bento
Abaixo o manifesto e as entidades, organizações e movimentos que já assinaram. Faça parte e assine também - forumpopulardesaudesp@gmail.com - 73734783
Manifesto em luta para a Saúde
Se 2009 foi um ano de aprofundamentos na privatização da saúde em todo estado de São Paulo. 2010 será o ano da resistência de milhares de lutadores e lutadoras e da afirmação de um sistema único e público de saúde.
Defender a saúde é lutar pela vida. Profissionais e usuários do SUS sabem que a privatização, nas suas formas escancarada ou a miúde, não significou nenhuma melhora na oferta de serviço tampouco em condições de trabalho mais dignas. O capitalismo, na sua defesa do lucro e do consumo desenfreado, não deu respostas as necessidades e demandas da maioria da população. O desenvolvimento de tecnologias e remédios que poderiam salvar vidas deu lugar a produção de mercadorias que respondem a medos criados pela própria indústria do medicamento, fazendo sofrer a maioria da população mundial. É como se algumas vidas valessem mais que outras e umas outras não valessem nada. As mortes evitáveis na saúde é um genocídio que o capitalismo não pode evitar. Então a luta por uma saúde única e pública não é apenas uma forma de sobrevivência daqueles que dela dependem diretamente, mas também é uma forma de enfrentarmos o sistema que aproveita de tudo que é desumano.
Durante o fracasso de todos os governantes em dar respostas a destruição do planeta na recente Conferência do Clima em Copenhague, os representantes de todo o mundo falaram em responsabilidade histórica dos países ricos e emergentes diante do aquecimento global. Entretanto, esquecem-se de perguntar por onde andam as elites, essas sim responsáveis pela miséria, pelas epidemias, pelo desamparo frente as enchentes, pela anarquia do financiamento e pela desassistência na saúde.
Neste ano novo de problemas velhos, desejamos a todos coragem e rebeldia, para colocar diante da nação os interesses de trabalhadores e usuários doSistema Único de Saúde. Interesses estes que não são os mesmos das elites que se apóiam no SUS para a produção de vantagens e lucros para os grandes conglomerados hospitalares que agora se denominam Organizações Sociais OS do governo Serra, assim como as Fundações Estatais de Direito Privado do governo Federal.
Resistir também significa construir um levante. Nesse sentido, o Fórum Popular de Saúde do Estado de São Paulo chama unidade das lutas do estado, com calendário e pauta conjunta, dialogando com a pluralidade de movimentos e formas de organização típicas da saúde, mas unindo forças para junto com a população denunciar as consequências de anos desta política de entrega do público e de submissão. Propomos de imediato o encontro de todos os interessados nessa luta e a organização cotidiana em comitês ou outras formas organizativas que possibilite uma participação ampla de todos aqueles que constatam a precarização do trabalho e suas patólogicas consequências.
Por isso defendemos!
- Contra a privatização da saúde: não às Oss e Fundações Estatais de Direito Privado! Defendemos que se dobre as verbas da saúde, financiamento esse capaz de reverter o modelo de privatização em um SUS 100% público e estatal
- Reunião para organizar esta luta conjunta no dia 11 de março
Entidades que assinam este manifesto:
Conlutas
Intersindical
Pastoral Operária
MTST
Uniafro
DCE - USP
UMPS - União dos Movimentos Populares de Saúde
Associação dos trabalhadores do Hospital Brigadeiro
Movimento de Saúde de Osasco
Sinsprev
PSTU
PSOL
Mandato do deputado estadual Raul Marcelo
Mandato do deputado federal Ivan Valente
Mandato do deputado estadual Gianazzi
Assine também este manifesto!
Fórum Popular de Saúde do Estado de São Paulo
forumpopulardesaudesp@gmail.com
terça-feira, 9 de março de 2010
CONVOCATÓRIA CAPSI - REUNIÃO C.As. e D.As. BAURU
O Centro Acadêmico de Psicologia - CAPSI- está convocando uma reunião entre os diretórios e centro acadêmicos da UNESP no dia 18 de março, quinta-feira, para troca de experências e possivel levantamento de pauta do movimento estudantil 2010 a fim de dar continuidade ao mesmo. O local é o Diretório Acadêmico César Lattes - DACEL- , ao lado do centro de idiomas do DAFAE, próximo à Atlética.
Peço aos remetentes que caso saibam de centros acadêmicos em ascendência ou, já novos centros, que lhes encaminhem este email. Especificamente, peço ao Dercy ou outro de arquitetura, que enviem para o Centro de DI, com o qual não tenho contato.
Peço aos remetentes que caso saibam de centros acadêmicos em ascendência ou, já novos centros, que lhes encaminhem este email. Especificamente, peço ao Dercy ou outro de arquitetura, que enviem para o Centro de DI, com o qual não tenho contato.
segunda-feira, 8 de março de 2010
Professores da rede Estadual estão em greve!
Pessoal,
segue o link abaixo da Carta à população explicitando as razões da greve dos professores estaduais.
Carta à população
segue o link abaixo da Carta à população explicitando as razões da greve dos professores estaduais.
Carta à população
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Charge Latuff sobre plano nacional direitos humanos
Texto e charge de Latuff sobre o PNDH 3...

Com todo esse burburinho sobre a revisão da Lei de Anistia prevista no Programa Nacional de Direitos Humanos, um discurso tem sido frequente. Que se deva apurar os crimes cometidos de ambos os lados durante o regime militar, tanto dos militantes de esquerda quanto das forças de repressão.
O que a primeira vista pode parecer uma posição de aparente equilíbrio, traz na verdade um conceito reacionário, de que a resistência armada a um regime de exceção seja vista como crime (criminalização).
Não nos esqueçamos de que os militantes de esquerda que lutaram contra a ditadura militar no Brasil já tiveram punição suficiente. Foram presos, cassados, implacavelmente torturados, executados, desaparecidos. Já seus carrascos, sem nenhum arranhão, escaparam tranquilos da Justiça, indo se refugiar nos braços da Lei de Anistia, inclusive reverenciados pelos seus atuais colegas de farda nos clubes militares da vida.
Levar ao banco dos réus ex-militantes que pegaram em armas para enfrentar fascistas no Brasil seria tão absurdo quanto julgar os partisans pelos atentados cometidos contra militares alemães durante a ocupação da França na Segunda Guerra Mundial. É confundir, maliciosamente, vítimas com algozes…mais uma vez.
Por isso, meus caros internautas, eu lhes trago este checklist, para que possam imprimir em papel cartão, num tamanho que caiba no bolso ou dentro da carteira. Quando o assunto for revisão da Lei de Anistia e alguém lhe disser que “ambos os lados devam ser punidos”, mostre essa charge, só como um lembrete de mais essa verdade inconveniente.
Fonte: revista Virus Planetario

Com todo esse burburinho sobre a revisão da Lei de Anistia prevista no Programa Nacional de Direitos Humanos, um discurso tem sido frequente. Que se deva apurar os crimes cometidos de ambos os lados durante o regime militar, tanto dos militantes de esquerda quanto das forças de repressão.
O que a primeira vista pode parecer uma posição de aparente equilíbrio, traz na verdade um conceito reacionário, de que a resistência armada a um regime de exceção seja vista como crime (criminalização).
Não nos esqueçamos de que os militantes de esquerda que lutaram contra a ditadura militar no Brasil já tiveram punição suficiente. Foram presos, cassados, implacavelmente torturados, executados, desaparecidos. Já seus carrascos, sem nenhum arranhão, escaparam tranquilos da Justiça, indo se refugiar nos braços da Lei de Anistia, inclusive reverenciados pelos seus atuais colegas de farda nos clubes militares da vida.
Levar ao banco dos réus ex-militantes que pegaram em armas para enfrentar fascistas no Brasil seria tão absurdo quanto julgar os partisans pelos atentados cometidos contra militares alemães durante a ocupação da França na Segunda Guerra Mundial. É confundir, maliciosamente, vítimas com algozes…mais uma vez.
Por isso, meus caros internautas, eu lhes trago este checklist, para que possam imprimir em papel cartão, num tamanho que caiba no bolso ou dentro da carteira. Quando o assunto for revisão da Lei de Anistia e alguém lhe disser que “ambos os lados devam ser punidos”, mostre essa charge, só como um lembrete de mais essa verdade inconveniente.
Fonte: revista Virus Planetario
Tragédia haitiana sob outro ponto de vista
Olá, galera.
Um grupo de 7 brasileiros da Unicamp, desde dezembro na capital do Haiti - Porto Príncipe - mantém um blog com as informações recentes da situação do país.
Diferentemente do que a grande mídia vincula, os pesquisadores trazem versões diferentes da realidade. Vale a pena acompanhar.
http://lacitadelle.wordpress.com
Uma outra notícia que gerou polêmica foi a desrespeitosa e discriminatória declaração do cônsul geral do Haiti no Brasil. Ele disse: "A desgraça de lá está sendo uma boa pra gente aqui, fica conhecido", disse o cônsul. "Acho que de, tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo... O africano em si tem maldição. Todo lugar que tem africano lá tá f...", completa Antoine.
Confira reportagem e o vídeo na integra:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u679672.shtml
Fora, racista de merda!!!!
Um grupo de 7 brasileiros da Unicamp, desde dezembro na capital do Haiti - Porto Príncipe - mantém um blog com as informações recentes da situação do país.
Diferentemente do que a grande mídia vincula, os pesquisadores trazem versões diferentes da realidade. Vale a pena acompanhar.
http://lacitadelle.wordpress.com
Uma outra notícia que gerou polêmica foi a desrespeitosa e discriminatória declaração do cônsul geral do Haiti no Brasil. Ele disse: "A desgraça de lá está sendo uma boa pra gente aqui, fica conhecido", disse o cônsul. "Acho que de, tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo... O africano em si tem maldição. Todo lugar que tem africano lá tá f...", completa Antoine.
Confira reportagem e o vídeo na integra:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u679672.shtml
Fora, racista de merda!!!!
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
De quem é a culpa? Da chuva ou da especulação imobiliária?
Retirado do blog do Caco - http://www.cacoffunesp.blogspot.com/
Uma excelente reportagem e uma sugestão de pauta
por *Marcelo Salles, do Fazendo Media
Na noite desta segunda-feira, dia 4, a TV Brasil mostrou que está a fim de produzir e veicular um outro tipo de Jornalismo. Em seu principal telejornal, o Repórter Brasil, a emissora exibiu extensa e corajosa reportagem sobre a tragédia ocorrida em Angra dos Reis, mas com uma grande diferença em relação às empresas comerciais: a especulação imobiliária aparece entre os atores causadores das cinquenta mortes.
A TV Brasil foi a campo e entrevistou um vereador da oposição, em Angra, e o deputado estadual Alessandro Molon. Eles criticaram, respectivamente, o desvio de verba da prefeitura municipal, que deveria ser usada na proteção ao meio-ambiente, e o afrouxamento, pelo governador Sérgio Cabral, da legislação que garante a segurança das construções em áreas de encosta. De quebra, o telejornal ainda explicou, didaticamente, como funcionam as autorizações para as intervenções em regiões consideradas de risco.
Enquanto isso, as corporações de mídia culpam a chuva – que não tem assessoria de imprensa e nem verba publicitária. Quem assistiu a esta reportagem do Repórter Brasil não apenas tomou conhecimento de aspectos fundamentais para a compreensão da tragédia em Angra dos Reis. Também entendeu por que é tão importante a existência de veículos de comunicação que não sejam pautados pela lógica comercial, da audiência a qualquer preço.
Novos desastres anunciados
Na última quinzena de 2009, o deputado estadual Marcelo Freixo protagonizou uma discussão importantíssima para o cidadão fluminense, mas que infelizmente ainda não teve grande repercussão nos meios de comunicação (quem sabe a TV Brasil não se interessa?). Trata-se da tentativa de aprovação da lei que amplia a área de proteção do Parque Estadual da Serra da Tiririca – que abrange os municípios de Niterói e Maricá -, cuja votação estava marcada para agosto. A demora, segundo denúncia gravíssima de Marcelo Freixo, ocorre devido a um acordo do prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, com o presidente da Alerj, Jorge Picciani. A maior beneficiária desse acordo é a especulação imobiliária, que em Niterói está concentrada nas mãos de uma empresa privada chamada Patrimóvel.
Em razão de sua luta pela aprovação da lei (assinada também pelos deputados Rodrigo Neves e Luiz Paulo), Freixo foi xingado de “leviano” por Jorge Roberto num jornal local. Sua resposta, na mesma moeda, foi dada no dia 15 de dezembro, no plenário da Alerj, e publicada no Diário Oficial.
Quem vive em Niterói, como eu vivo há 30 anos, conhece bem os males da especulação imobiliária. Crescimento desordenado; muita gente sem casa, muita casa vazia; preços exorbitantes dos imóveis; um trânsito cada vez pior (já levei 50 minutos para percorrer 8km); problemas graves de distribuição de água e energia; poluição crescente das praias (incluindo uma das mais belas do mundo, a de Itacoatiara, ameaçada pelos diversos espigões que crescem ao seu redor); saneamento básico comprometido.
Se a sociedade não se mobilizar agora, Niterói pode viver uma tragédia de enormes proporções nos próximos anos. Além, é claro, de as tragédias cotidianas citadas no parágrafo anterior continuarem deteriorando, aos poucos e sem divulgação, a vida de milhares de pessoas. Muitas delas devido a esse profundo caso de amor entre o prefeito e a Patrimóvel.
*Marcelo Salles é um dos responsavéis pelo Fazendo Media e editor da Caros Amigos, no Rio de Janeiro.
visite: http://www.fazendomedia.com
Uma excelente reportagem e uma sugestão de pauta
por *Marcelo Salles, do Fazendo Media
Na noite desta segunda-feira, dia 4, a TV Brasil mostrou que está a fim de produzir e veicular um outro tipo de Jornalismo. Em seu principal telejornal, o Repórter Brasil, a emissora exibiu extensa e corajosa reportagem sobre a tragédia ocorrida em Angra dos Reis, mas com uma grande diferença em relação às empresas comerciais: a especulação imobiliária aparece entre os atores causadores das cinquenta mortes.
A TV Brasil foi a campo e entrevistou um vereador da oposição, em Angra, e o deputado estadual Alessandro Molon. Eles criticaram, respectivamente, o desvio de verba da prefeitura municipal, que deveria ser usada na proteção ao meio-ambiente, e o afrouxamento, pelo governador Sérgio Cabral, da legislação que garante a segurança das construções em áreas de encosta. De quebra, o telejornal ainda explicou, didaticamente, como funcionam as autorizações para as intervenções em regiões consideradas de risco.
Enquanto isso, as corporações de mídia culpam a chuva – que não tem assessoria de imprensa e nem verba publicitária. Quem assistiu a esta reportagem do Repórter Brasil não apenas tomou conhecimento de aspectos fundamentais para a compreensão da tragédia em Angra dos Reis. Também entendeu por que é tão importante a existência de veículos de comunicação que não sejam pautados pela lógica comercial, da audiência a qualquer preço.
Novos desastres anunciados
Na última quinzena de 2009, o deputado estadual Marcelo Freixo protagonizou uma discussão importantíssima para o cidadão fluminense, mas que infelizmente ainda não teve grande repercussão nos meios de comunicação (quem sabe a TV Brasil não se interessa?). Trata-se da tentativa de aprovação da lei que amplia a área de proteção do Parque Estadual da Serra da Tiririca – que abrange os municípios de Niterói e Maricá -, cuja votação estava marcada para agosto. A demora, segundo denúncia gravíssima de Marcelo Freixo, ocorre devido a um acordo do prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, com o presidente da Alerj, Jorge Picciani. A maior beneficiária desse acordo é a especulação imobiliária, que em Niterói está concentrada nas mãos de uma empresa privada chamada Patrimóvel.
Em razão de sua luta pela aprovação da lei (assinada também pelos deputados Rodrigo Neves e Luiz Paulo), Freixo foi xingado de “leviano” por Jorge Roberto num jornal local. Sua resposta, na mesma moeda, foi dada no dia 15 de dezembro, no plenário da Alerj, e publicada no Diário Oficial.
Quem vive em Niterói, como eu vivo há 30 anos, conhece bem os males da especulação imobiliária. Crescimento desordenado; muita gente sem casa, muita casa vazia; preços exorbitantes dos imóveis; um trânsito cada vez pior (já levei 50 minutos para percorrer 8km); problemas graves de distribuição de água e energia; poluição crescente das praias (incluindo uma das mais belas do mundo, a de Itacoatiara, ameaçada pelos diversos espigões que crescem ao seu redor); saneamento básico comprometido.
Se a sociedade não se mobilizar agora, Niterói pode viver uma tragédia de enormes proporções nos próximos anos. Além, é claro, de as tragédias cotidianas citadas no parágrafo anterior continuarem deteriorando, aos poucos e sem divulgação, a vida de milhares de pessoas. Muitas delas devido a esse profundo caso de amor entre o prefeito e a Patrimóvel.
*Marcelo Salles é um dos responsavéis pelo Fazendo Media e editor da Caros Amigos, no Rio de Janeiro.
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